Fundação Laura Santos cria resposta inovadora para doenças neurodegenerativas

Por: Diana Lagarinhos Martins (aluna do 1º ano de Comunicação Social) / Foto: Fundação Laura Santos

“Este centro de apoio às demências tem a ver com o facto de existir uma carência muito grande, não só no nosso distrito, como a nível do país”, é o que Rui Reis, responsável pelo projeto e também presidente da Fundação Laura Santos, afirma. Ruis Reis partilha a urgência deste centro, os desafios enfrentados e a visão do futuro para melhorar o apoio aos utentes e às suas respetivas famílias.

A Fundação, que já conta com várias respostas sociais, desde estruturas residenciais para pessoas idosas (ERPI), estruturas de apoio a crianças e a mães vítimas de violência doméstica, concretiza agora mais um sonho ao inaugurar o Centro de Apoio às Demências na freguesia de Moimenta da Serra, concelho de Gouveia. Este projeto inovador nasceu de uma realidade preocupante: a falta de respostas especializadas na região Centro e no país. “Antigamente tínhamos pessoas com demência a partir dos 70, 80, 90 anos, e hoje temos pessoas com 50 anos com problemas de demência”, revela Rui Reis.

Um dos maiores desafios enfrentados na implementação do centro foi a questão dos recursos humanos. De acordo com o representante da Fundação, “estamos numa sociedade em que se valoriza cada vez menos o humanismo, aquilo que é a componente mais humana, mais relacional”. Para garantir um serviço de qualidade, a Fundação investiu na formação contínua de técnicos durante os últimos 7 a 8 meses. O centro contará com uma equipa multidisciplinar que inclui especialistas em neurologia, psiquiatria, enfermagem, psicomotricidade e ainda na área da animação, reforçando o compromisso de estimular as capacidades cognitivas dos utentes diariamente. “É importante que estas pessoas tenham dinâmicas diárias por forma a que se exercite os cérebros e se exercite ainda algumas das capacidades que elas têm, e que não seja um depósito de pessoas, onde as pessoas não trabalham ativamente a mente todos os dias, destaca o responsável.

A falta de equipamentos a nível do país tem levado a que muitas famílias procurem apoio inadequado em lares de idosos convencionais, que, segundo o entrevistado, não estão preparados para lidar com doenças neurodegenerativas de forma específica e estruturada. “O país, se retirarmos a zona Centro, não está melhor do que aquilo que é só a zona Centro”, refere.

O envolvimento dos familiares será fundamental na dinâmica do centro. A Fundação prevê atividades conjuntas entre técnicos, utentes e famílias, reconhecendo o papel crucial dos cuidadores no processo de tratamento e acompanhamento. “Tendo em conta aquilo que é o contributo magnífico que os familiares também podem dar ao utente e podem dar também à instituição”, acrescenta.

Para Rui Reis, este projeto é mais do que uma resposta social: é um compromisso de vida. Num centro tem que haver muito humanismo, muito carinho, muito amor pelas pessoas que efetivamente nos são entregues e que vêm num estado a nível mental muito débil, conclui.

A inauguração do centro de apoio à demência representa um passo significativo para a região centro e um exemplo do impacto positivo que projetos sociais inovadores podem ter na vida das comunidades.

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