Carnaval de Canas de Senhorim: mais de 300 anos de tradições e histórias.

O Carnaval de Canas de Senhorim é habitualmente realizado presencialmente, no entanto na pandemia realizou-se o Carnaval digital, tendo presentes “molduras humanas e colunas nas varandas “. Este Carnaval teve um camião a passar pelas ruas a filmar as varandas e os populares a cantar.

Texto: Pedro Cruz (aluno do 1º ano de Comunicação Social) / Fotos: ARCPAÇO, UCRROSIO e Carnal de Canas de Senhorim

É de salientar que esta festividade já concorreu às “Sete maravilhas de Portugal”, e Nuno Pereira acredita que poderiam ter ido mais além, podendo ter ganhado.

O presidente da Junta de Freguesia de Canas de Senhorim acredita que “se existisse 8 maravilhas” eram um dos favoritos a ganhar, sendo um sonho “difícil, mas não impossível” de alcançar.

O Carnaval de Canas de Senhorim, são 4 dias de folia desde a manhã à noite que termina na quarta-feira de Entrudo. O presidente da Junta de Freguesia de Canas de Senhorim, Nuno Pereira vive o Carnaval faz já 42 anos. Afirma que, “já dentro da barriga da mãe saltava para o Carnaval“. Nesta festa existem muitas histórias para contar, inclusive de gerações passadas.

Existem dois bairros, o bairro do Paço e do Rossio. As tradições são realizadas por toda a comunidade, como por exemplo os pisões. O pisão é uma tradição antiga. Na porta de uma casa onde uma pessoa esteja a dormir, põe-se uma pedra, embrulhada em jornais para não estragar a porta e enrola-se um fio à volta da maçaneta. Um grupo de indivíduos afasta-se cerca de 100 metros e começa a puxar o fio, fazendo-o balançar e bater na porta até a pessoa acordar e vir cá fora.

O Carnaval de canas é diferente dos demais. Nuno Pereira sente que o diferenciável deste Carnaval é o sentimento de ser único, genuíno “impermeável” porque “se chove em Portugal, Canas é uma das poucas terras onde o Carnaval é vivido, faça chuva faça sol”, sendo um dos momentos de expoente máximo da terra, até inclusive se atreve a dizer da freguesia, fazendo ainda uma comparação para quem vem de fora e não conhece o Carnaval. “Vocês estão a ver o Paço e o Rossio?, então imaginem o Benfica e o Sporting um ao lado do outro, veem a rivalidade? Muitas vezes não saudável, mas é esta a rivalidade que se quer trazer “.

Todas as pessoas querem o melhor para o seu bairro criando as suas próprias fardas, carros alegóricos e ainda fazem diretas para as noites, mesmo tendo a necessidade de ir trabalhar ao outro dia.

Nuno Pereira explica que os dias são diferentes uns dos outros. No domingo é para se mostrarem, primeiro dia de Carnaval, querendo os dois bairros se demonstrarem um ao outro. Segunda é para se criticarem pegando em qualquer detalhe, pois para eles “qualquer ponto, mesmo que o carro esteja perfeito, vai haver sempre um defeito para o pessoal do Rossio e para o pessoal do Paço”.

A terça-feira tem o ponto alto do Carnaval, o chamado despique. É neste momento que se vê os cochos a levantar as muletas para o ar, os doentes que se esquecem que estão doentes, pessoas de maior idade a correr e novos a pular, palavras ditas pelo presidente. As expressões que os foliões fazem durante o pular ou durante o percurso do Carnaval é algo o quanto comparável com o “dar na alma pelo meu bairro”.

Futuramente, o presidente sente que o Carnaval vai correr bem. Em exclusivo conta que as noites do Carnaval 2025 já estão fechadas e que serão grandiosas.