O teatro como espelho da sociedade: A trajetória e a visão de Micael de Almeida
Apesar de um percurso inicial hesitante em relação às artes performativas, revela que a escolha se tornou inevitável com o tempo: “Percebi que não sei fazer mais nada com o mesmo nível de qualidade”. Natural de Viseu, Micael de Almeida é um exemplo de dedicação e paixão pelo teatro. Com 35 anos, acumula 24 de experiência em palco e nos bastidores, tendo começado como ator aos 12 anos e como encenador aos 18.
Texto: Matilde Pires (Aluna do 1º ano de Comunicação Social) / Foto: Redes sociais do encenador
O encenador fala sobre o papel transformador do teatro na sociedade e os desafios de liderar produções teatrais. Micael De Almeida explica que um dos maiores obstáculos de um encenador é fazer com que o elenco acredite numa visão que ainda não foi concretizada: “Quando leio um texto, já penso em tudo desde os figurinos até à movimentação no palco. Mas convencer a restante equipa a confiar nesta visão é sempre uma tarefa desafiadora”.
Com uma abordagem versátil, Micael De Almeida já experimentou uma ampla gama de géneros e estilos teatrais. Entre os seus objetivos, destaca-se o desejo de revisitar musicais, mas de uma forma mais conservadora: “Encenei O Rei Leão, que é muito animado, mas agora gostaria de explorar algo mais introspetivo, como Wicked ou Chicago.” Além disso, vê no teatro clássico uma oportunidade para aproximar as gerações mais jovens de grandes autores. “Estou agora mais focado em mexer na literatura clássica, mostrando aos jovens autores que talvez não tenham sido apresentados da maneira mais interessante”, diz.
Para o encenador, o impacto do teatro vai além dos palcos, pois acredita que a maior transformação ocorre entre aqueles que praticam a arte. “Conheço membros do meu grupo que mudaram completamente a sua forma de ver a vida após a experiência no teatro. Descobriram novas vocações e interesses que não imaginavam”, conta. Acrescenta também que a prática teatral oferece uma visão crítica e reflexiva da sociedade: “As peças são muitas vezes imitações ou críticas sociais. Elas permitem-nos observar a sociedade de fora, ajudando-nos a entender melhor os problemas que nos rodeiam.”