Lamego é casa de mais um FITU sem fronteiras

Capas negras de saudade marcaram presença em Lamego e foi num festival de 3 dias que se acentuou a nostalgia dos que partiram. Foram dias de muita música e exaustão, mas que no final compensou todo o esforço e foi possível vê-lo em todos os cantos da cidade.

Por Beatriz Mesquita e Carolina Duarte

Foi em plena sala esgotada do Teatro Ribeiro Conceição que, decorreu no passado fim de semana de 4, 5 e 6 de novembro, a sétima edição do FITU Cidade de Lamego.

A tuna organizadora, Estudantina Académica de Lamego convocou este ano três tunas para o concurso: Afonsina – Tuna de Engenharia da Universidade do Minho, Tunadão 1998 – Tuna do Instituto Politécnico de Viseu e diretamente de Espanha, a Tuna Universitária de Zamora.

O festival teve início na sexta-feira, nos claustros da Sé de Lamego, com a noite de Serenatas num ambiente leve e minimalista à luz de velas. As temperaturas que se faziam sentir não foram um entrave para quem se deslocou para os escutar.

Durante a tarde de sábado efetuou-se o famoso Pasacalles que teve início no escadório do Santuário de Nossa Senhora dos Remédios. Terminou novamente com as serenatas que, desta vez, foram dedicadas às guias que faziam acompanhar as tunas, junto à porta da Sé. Este desfile teve um percurso pequeno, mas percorreu a avenida principal do centro histórico, produzindo o efeito desejado junto dos turistas e de todos os habitantes da cidade. Após o check sound e as Serenatas, as tunas dirigiram-se para os bares oficiais do FITU para animar a cidade.

Estudantina Académica de Lamego

À noite o ponto de encontro foi no Teatro e pelas 22h deu-se início à 7ª edição do Festival Internacional de Tunas Universitárias. A Estudantina Académica de Lamego ficou encarregue de dar as boas-vindas ao seu público tendo aproveitado para prestar a sua sentida homenagem ao Prof. Álvaro Bonito.

A primeira Tuna a concurso que subiu a palco foi a Afonsina – Tuna de Engenharia da Universidade do Minho. Presenteou-nos com uma atuação cheia de energia, marcada pela sua harmonia e musicalidade, coreografias de pandeiretas e estandartes e pôde-se ouvir músicas como “Caravelas” um tema original, o tema de solista “Onde acaba o Oeste”, “Siga a marinha”, “Lenda da fonte”, o instrumental “Ars Moriendi”, “Perdoei” e por fim o “Hino da Afonsina”.

Afonsina – Tuna de Engenharia da Universidade do Minho

De seguida subiu a palco a Tunadão 1998 – Tuna do Instituto Politécnico de Viseu. Esta fez-se acompanhar da sua legião de fãs, tal como já é hábito. A sua atuação teve início com um tema brasileiro “Boiadeiro” e os Tunos apresentaram-se espalhados por todo o palco e de seguida tocaram o seu tema mais conhecido “Estudante de Viseu” que levou o público ao rubro.

Continuaram a sua atuação com uma homenagem a Zeca Afonso, tendo tocado um medley dada a sua importância para a música portuguesa. De seguida ouviu-se o instrumental “O Castor” que serviu de homenagem ao falecido Tuno da Estudantina Académica de Lamego, Ricardo Almeida. Fizeram-se acompanhar dos originais “Caravelas” e “Menina da Saia Preta” que encerraram a atuação antes do famoso Grito Académico que mais uma vez levou o publico à loucura. Uma atuação que cativou o publico desde o primeiro segundo e terminou em festa com um desfile pelo meio do público.

Tunadão 1998 – Tuna do Instituto Politécnico de Viseu

Chegou a vez da última Tuna em concurso presentear o povo português com os seus ritmos latinos. Uma Tuna vinda diretamente de Espanha, a Tuna Universitária de Zamora mostrou-se bem preparada a nível instrumental e vocal. A execução de temas mais difíceis captou a atenção da plateia tendo-se destacado o bolero “La Duda Eterna” e “Luna de España”, tendo eles realizado também uma homenagem ao Prof. Álvaro Bonito.

Tuna Universitária de Zamora

Enquanto os elementos do júri, Tozé Freitas, José A Rosado, Francisco Montezinho e Gualberto Rocha, deliberavam os prémios a atribuir a Tuna anfitriã voltou a subir a palco. Tendo prestado também uma homenagem ao Tuno Ricardo Almeida. Foi o tema de solo “O Pastor” que abriu a sua atuação, tenho seguido o tema original “Lamego Passa a Cantar” e, por fim, outro tema de solista “Sete Mares”.

No final da atuação foi altura da entrega dos prémios a concurso tendo sido os seguintes:

Melhor Serenata – Tuna Universitária de Zamora

Melhor Pasacalles – Tunadão 1998

Melhor Instrumental – Afonsina

Melhor Pandeireta – Afonsina

Melhor Solista – Afonsina

Melhor Estandarte – Tunada 1998

Tuna Mais Tuna – Tunadão 1998

Grande Prémio VII FITUL para a Melhor Tuna – Afonsina

Após uma conversa com vários elementos das Tunas presentes no festival foi possível perceber a felicidade, o sentimento de objetivo cumprido e o ambiente acolhedor que os fazia sentir em casa, pôs de parte qualquer tipo de rivalidade existente pois é o amor, as memórias, a partilha de histórias e o cantar de corpo e alma que os motiva à participação nestes festivais.

Não são só as harmonias musicais mas também a harmonia que está presente em todo o festival. O festival acaba, mas ao mesmo tempo não, pois assim que saíram do Teatro encontraram-se nos bares oficiais do Festival e o convívio continuou noite fora. Despedimo-nos da mesma forma pela qual começaram “Entre ganhos e perdas, entre dúvidas e incertezas, cá estamos nós (…) Esteja a norte ou a sul, esteja o céu cinzento ou azul, sejam bem-vindos ao 7º FITU”.

Até para o ano FITU.

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