Fora do pódio, Lavrense só pensa na conquista do título: “Foi um sonho adiado”
Uma equipa de jovens futebolistas sonha alcançar a tão desejada subida de divisão, depois de 4 anos na amargura.
Reportagem de Filipe Pissarreira e Leonor Neves
Foi há quatro anos que a União Desportiva Lavrense teve a infelicidade de descer de divisão e, desde então, que de época para época o clube trabalha com o objetivo de voltar a subir à divisão de Elite. A equipa sénior disputa a divisão de honra da Associação de Futebol do Porto.
Tânia Miranda, de 43 anos, sócia e adepta ‘ferrenha’ da equipa, não tem dúvidas de que a subida de divisão para o clube tem um efeito positivo na qualidade desportiva. “Tem muita importância por sermos uma vila, por dar muitas alegrias a muita gente que não acredita no Lavrense. Há muita gente a criticar o Lavrense, mas quem está lá, quem segue estes jovens quem os segue para todo o lado, é que vibra e que sabe que era importante a subida de divisão”, conta.
Quem tem a mesma opinião é António Baptista, 51 anos, vice-presidente do clube: “Era importantíssimo a subida de divisão para a freguesia, obviamente a nível de visibilidade, a nível de captação de jovens para a nossa formação e para o concelho de Matosinhos”, sublinhou.
João Baptista, de 22 anos, lateral esquerdo da equipa, também reforçou a ideia de que o clube sonha com esta subida de divisão e espera que não seja apenas uma ilusão. O jogador acredita que esta conquista ia ser um motivo de orgulho, por ser “um clube com história e de uma vila de gente muito lutadora”. “Era importante garantir a subida até porque, a maior fonte de rendimento do clube é a sua formação e quanto mais alto tiver os séniores, mais gente vai trazer para a formação”, admitiu ainda.
Já o ditado dizia que “quem acredita sempre alcança” e para Hugo Reis, treinador do Lavrense, a subida de divisão está escrita na sua lista de desejos, apesar de ter estado pendente desde que assumiu o cargo no ano passado.
“Nunca pensei que nós não conseguíssemos subir de divisão”
Para os adeptos, os jogadores e o treinador do clube, a não subida de divisão foi uma realidade que não esperavam viver na época 2021/2022, uma vez que tinha corrido bem até metade do campeonato. “Encarei mal, porque depois daquilo que nós fizemos durante a maior parte do campeonato, eu nunca pensei que nós não conseguíssemos subir de divisão”, expressou o treinador, ao passo que o futebolista João Baptista não esconde a sua tristeza depois de estarem “três anos a tentar sempre subir”. “Acaba por ser fatigante e desmoraliza muito”, confessou.
“Fiquei muito triste, porque achava que este era o ano que ia pela avenida com os jogadores, com a equipa técnica vibrar. Dar uma chapada de luva branca para muita gente que não acredita no lavrense, e acho que eles mereciam e eu achava que era este ano”, contou a adepta Tânia Miranda.
O ambiente no balneário, principalmente após uma não vitória da partida, é de frustração, como relata a equipa. Para tentar alcançar o objetivo, é preciso fazer uma auto-análise, para colocarem tudo em ‘pratos limpos’ para melhorar aquilo que se poderia ter feito.
“Um sonho adiado”
Apesar de a União Desportiva Lavrense não ter alcançado o tão esperado sonho, a equipa e os adeptos não se sentem desmotivados e acreditam na esperança partilhada por todos. “Acredito que a época que vamos viver agora, esse sonho vai ser realizado, tenho a certeza absoluta. Acredito neles e vamos estar na avenida a fazer a festa”, diz Tânia Miranda. “Foi um sonho adiado, com a esperança de na próxima época conseguir conquistar a subida de divisão”, concordam Hugo Reis e João Baptista.
Apesar de esta meta ainda não ter sido alcançada, os jogadores, os adeptos, a equipa técnica e a direção não se deixam desencorajar e a motivação está em altas para a época 2022/2023.
“Sempre a mesma música, antes do mister começar a palestra“
Sendo uma equipa não profissional, são muitos os esforços realizados pelos jogadores para conciliarem a vida pessoal e profissional com os treinos. Esta equipa prepara-se semanalmente, com quatro treinos com a duração de cerca de 2 horas. É aqui que analisam os adversários e que abordam cada situação do jogo de maneira a saírem vitoriosos no dia do derby.
Para além da preparação que têm nos treinos, João Baptista revela que esta é uma equipa com alguns rituais. “Gostamos de manter as mesmas coisas, vamos para um jogo fora, vamos sempre a jogar cartas no autocarro. Seja jogos em casa, seja fora, toca sempre a mesma música antes do mister começar a palestra, o capitão diz sempre as mesmas palavras no grito”, garantiu, ao acrescentar que estes hábitos os ajudam a prepararem-se mais a nível mental.
À medida que a época avança e os resultados começam a ser desfavoráveis, o treinador, juntamente com a equipa técnica, arranja argumentos e ferramentas para manter os jogadores motivados. “Nós conseguimos arranjar mecanismos e ferramentas necessárias para cativar os jogadores da mesma forma até ao fim. Não que fosse necessário porque já deles tem esses valores e esses princípios, contudo nunca faz mal andar sempre em cima um bocadinho e tentarmos preparar dessa forma a semana de treino não havendo um objetivo para conquistar, a não ser os três pontos, claro. Encarar uma semana de trabalho ganhando não é a mesma coisa que depois de uma derrota”, contou Hugo Reis.
28 anos de história
A União Desportiva Lavrense, sediada na freguesia de Lavra, que pertence ao concelho de Matosinhos, no Porto, foi fundada a 29 de janeiro de 1994 e nasceu da fusão histórica de três clubes desta freguesia, sendo eles: o Grupo Desportivo de Paiço (G.D.P), o Futebol Clube de Lavra (F.C.L) e o Marítimo Angeiras Futebol Clube (M.A.F.C).
A contar já com 28 anos de história, o clube desportivo continua a desenvolver a prática do futebol, com o foco virado para as camadas mais jovens. A primeira (grande) vitória, e que proporcionou a subida ao topo da Divisão, deu-se lugar na época de 2006/2007, em que o clube conquistou o título de campeão Distrital sénior da 2ª divisão da A.F. Porto.
Atualmente, a equipa encontra-se na divisão de Honra na época 2021/2022, e realizaram, até à data desta reportagem, 32 jogos, das quais catorze foram vitórias, dez empates e oito derrotas. Apesar de terem tido um conjunto de jogos favoráveis, não foram o suficiente para conseguirem alcançar o objetivo pretendido, a subida de divisão.