Cibersegurança e cibercrimes: estamos realmente seguros? O mundo está em guerra “há bastantes anos”
Em Portugal, uma em cada quatro empresas já foram alvo de ciberataques. A Organização das Nações Unidas (ONU) refere que é necessário olhar mais para os problemas com os meios cibernéticos e combatê-los. A ideia foi apresentada numa palestra sobre cibersegurança e cibercrimes, no passado dia 5 de abril, no auditório da Escola Superior de Educação de Viseu (ESEV), cujo principal objetivo passou por informar e sensibilizar os alunos presentes sobre o tema. A sessão contou com a presença de Filipe Moreira, professor da Universidade de Aveiro e de Rui Miguel Silva, inspetor da Polícia Judiciária.
Por António Jorge Santos e Gabriel Martins
Com o avanço da tecnologia, os cibercrimes são cada vez mais habituais, sendo que os mais frequentes são protagonizados entre países com divergências, mas os ataques informáticos entre empresas e Estados (e vice-versa) também acontecem bastantes vezes. “As pessoas com 18/19 anos, já nasceram na 3ª Guerra Mundial”, afirma Filipe Moreira.
No último ano foram vítimas de ataques informáticos cerca de 556 milhões de pessoas, cerca de 232 milhões viram a sua identidade exposta. Com o início da pandemia a situação foi agravada, e em média aconteceram por dia cerca de 400 mil ataques informáticos. Os países mais afetados por estes ataques foram a Ucrânia, a Inglaterra e a Bélgica.
Em Portugal, 25% das empresas já foram alvo de ataques informáticos, sendo que 62% desses ataques foram a pequenas e médias empresas. Na palestra, Filipe Moreira, revelou que “em média as empresas demoram 229 dias a detetar um ataque informático”.
Para além disso, existem ainda “ciberexércitos” estatais, preparados para a 3ª Guerra Mundial, como por exemplo na China, nos EUA, na Rússia e na Alemanha. “O poder de um ataque do ciberespaço começa a ter mais dimensões do que propriamente um ataque físico”, adianta.
Para Filipe Moreira, o mundo não está na iminência de uma III Guerra Mundial, está a passar por uma guerra há bastantes anos. “Parece que estamos na iminência da III Guerra Mundial, mas eu tenho uma má noticia para vos dar, a média de idades por aqui será entre os 18 e 21 anos, é que todos vocês já nasceram em plena III Guerra Mundial”, sublinha.
O professor da Universidade de Aveiro deu ainda alguns conselhos aos estudantes e partilhou algumas histórias de empresas alvo de ataques informáticos.
A segunda parte da palestra foi dirigida por Rui Miguel Silva, inspetor da Polícia Judiciária (PJ) de Coimbra, que dialogou com os estudantes acerca do cibercrime.
Rui Miguel Silva deu a conhecer aos alunos, vários tópicos da legislação do cibercrime e partilhou algumas das suas histórias enquanto polícia. “Nós tivemos um caso engraçado em que alguém se fez passar por um gerenciador de uma agência de modelos e vocês estão a imaginar o que aconteceu, o indivíduo reuniu muitas fotos de meninas com roupa e sem roupa”, contou o polícia em uma das suas histórias.
A iniciativa terminou com o apelo de Rui Miguel Silva: “no caso de algum estudante tiver alguma dúvida ou algum problema que contacte o Gabinete Cibercrime em Coimbra”, concluiu.
O evento realizou-se no âmbito dos “Dias da Comunicação Social” e contou com apoio da Escola Superior da Educação de Viseu (ESEV), do Instituto Politécnico de Viseu (IPV).