A literacia económica e os impostos
Ano após ano, somos brindados com uma luta: tratar do IRS a tempo e horas. “Como faço? Onde vou? Quais os documentos que são necessários? Devo ou não pedir faturas em todo o lado?” – Estas são algumas das perguntas que assombram centenas ou milhares de portugueses. Os outros já sabem as respostas e lá nos vão ajudando a perceber o que devemos fazer. Porque não falamos abertamente sobre este assunto?
Por Kevin Santos
O problema não é novo. Não foi resolvido e não parece haver planos para o resolver. Não seria mais benéfico admitir que não sabemos nada sobre economia? Não seria mais benéfico aprender mais sobre o assunto? Sim, provavelmente, mas eu vou mais além: não seria benéfico introduzir aulas de literacia económica nas escolas básicas? É que ninguém nasce ensinado, apesar de nascermos com o nosso destino traçado (pelo menos quanto a isto): vamos, com toda a certeza, encontrar um bichinho chamado economia à nossa frente. Aliás, vamos encontrar, de certeza absoluta, um monstro a que chamamos impostos. Sim, um monstro, porque em Portugal a carga fiscal é mesmo monstruosa. É IVA, é IMI, é IUC, é ISP e por aí fora…
Se falharmos, somos castigados. Somos obrigados a saber, mas ninguém nos ensina. É que já dói pagar impostos. Podiam, no mínimo, ensinar os cidadãos a tratar deste bicho de sete cabeças. Se calhar, sem estas tretas burocráticas, até se paga com mais vontade… ou talvez não, não exageremos. Mas já perceberam a ideia.
Voltando às escolas e à introdução de umas aulinhas de ‘economia para iniciantes’… Sem querer fazer figura de palerma, não será mais importante saber um bocadinho sobre algo de que vamos necessitar, de certezinha, no nosso futuro, que saber mais sobre o Egipto, os faraós e as pirâmides? Eu não quero ser injusto, porque, da forma que eu vejo as coisas, o saber não ocupa lugar. Apenas quero transmitir a ideia de que, enquanto crianças e adolescentes, aprendemos sobre tudo e mais alguma coisa. Exceto, é claro, sobre economia e os impostos.
Ao longo dos anos, assistimos a várias reformas do ensino em Portugal. Lembro-me, por exemplo, da introdução das aulas de inglês no Ensino Primário. Então, porque não introduzir umas aulas de literacia económica? Porque não ensinar-nos a pagar os nossos impostos? Faz sentido que, num país com uma carga fiscal estrondosa, não se ensine nada sobre literacia económica?
