Coro Mozart, “um aplauso nacional e internacional”

“Mudar, transformar mentalidades e renovar horizontes de expectativas” foram as palavras de ordem que, em 2005, levaram Dionísio Vila Maior, diretor e maestro titular do coro e José Carmo, atual presidente, a criar o Coro Mozart com o apoio da Câmara Municipal de Viseu. Fruto de muito trabalho, rapidamente alcançou prémios distintos, o que consequentemente fez com que se tornasse um “aplauso nacional e internacional de críticos musicais” declara o maestro titular.

Reportagem de Mariana Úria e Tânia Martins

Em dezembro de 2006, o coro gravou o seu primeiro DVD, no seguimento de um concerto de Natal que organizou, na cidade de Viseu. Os anos foram passando, e atualmente o grupo musical conta com 14 DVD´s. Com um vasto leque de discos em marcha, seguem-se os reconhecimentos. Em 2010, foi distinguido ao vencer o prémio André Sardet, promovido pela rádio RFM. Um ano depois, aconteceu o concerto para a TED, fundação norte-americana, que resultou num convite para representar Portugal nos Jogos Olímpicos de Coros Juvenis, nos Estados Unidos da América, e no Campeonato Mundial de Coros Juvenis, que decorreu na Rússia. Três anos depois, surgiu o reconhecimento “Mérito Cultural 2014” cedido pela autarquia viseense.

Um coro de todos, para todos

Reconhecido em toda a cidade de Viseu, o Coro Mozart é aplaudido em todo o país, mas especialmente na cidade jardim, onde muitos dos habitantes já assistiram a diversos concertos do grupo musical. É o caso da jovem viseense Filomena Oliveira, de 21 anos, que em 2015 assistiu pela primeira vez a uma atuação do coro na Feira de São Mateus. “A forma como transformam músicas que são conhecidas de todos, para algo muito característico deles, e com à mistura coreografias é magnifico” foram as evidências que, há seis anos, fizeram com que a jovem de 21 ficasse a admirar o coro pela sua “qualidade”. Desde esse ano, tem acompanhado o coro de forma presencial ou dinâmica nas redes sociais, onde são colocados diversos vídeos dos ensaios e atuações que o coro faz durante o ano.

Sendo este um coro com enorme projeção a nível nacional e também internacional, o Coro Mozart é essencial na representação e dinâmica da cidade, uma vez que proporciona diversos momentos de lazer e convívio e consequentemente faz com que algumas pessoas de todo o país e até do estrangeiro se desloquem até a cidade para assistir aos concertos.

Os protagonistas que fazem do coro um grupo de excelência

Atualmente, o coro é composto por cerca de 50 coralistas, que integram o 3º ciclo, ensino secundário, e ensino superior. Inspirado em vários nomes da música, o grupo tem “como patrono”, Wolfgang Amadeus Mozart” e alberga a faixa etária de jovens dos 12 aos 27 anos que “conhecem o coro através de amigos ou são alunos da Escola de Música Mozart”, sendo que “alguns deles integram o coro desde o início”, afirma o diretor e maestro titular. É o caso do jovem Pedro Almeida, um dos fundadores e coralistas do grupo, que admite que a educação musical foi um passo para ingressar no Coro Mozart desde a sua criação. Neste momento, é um dos elementos mais velhos, estabelecendo com os mais novos, uma “relação muito forte, de irmão mais velho”, confessa. O ambiente familiar vivido no grupo música, é um dos passos para o sucesso de cada um dos músicos.

Dionísio Vila Maior destaca a “excelência” como um “dado adquirido”, demonstrado por todos os elementos, sejam eles, maestros, coralistas, chefes de naipe, departamentos, direção, familiares e amigos, o que faz da música “um meio fundamental para o “crescimento pessoal, intelectual, moral, ético e artístico do ser humano”.

Dionísio Vila Maior, diretor e maestro titular

Com mais de 750 concertos dados ao longo dos anos, o grupo apresenta-se sempre todos os elementos vestidos de igual forma. T-shirt ou sweatshirt vermelha, calças de ganga e sapatilhas brancas, são o “dress-code” para todas as atuações do grupo.

Seguindo os estilos do Pop & Rock, o Musical, o Gospel, os Blues, a Música popular portuguesa, a Música Ligeira portuguesa, a Música Popular Brasileira, a Música Ligeira Francesa, a Música Popular Russa, o Fado e, também o Clássico, fazem parte da linha musical para os diversos espetáculos.

Os ensaios, que decorrem ao fim de semana, são preparados durante a semana, com “enorme cuidado”, em diferentes plataformas e softwares. Numa primeira fase, os coralistas são orientandos pelo maestro titular, e pelos chefes de naipe, seguindo-se as orientações gerias. A parte vocal e esquemas coregráficos são trabalhados em grupo.

O coro, para lá das “Terras de Viriato”

Reconhecidos um pouco por todos o país, o diretor coral orgulha-se da “excelência, brio e entusiasmo” que os coralistas têm. Para alcançar esse “brio” e os “fabulosos resultados” que o coro tem, os coralistas e chefes de naipe têm uma rotina diária de extrema dedicação. Todas estas características, fazem com que se abram portas, nacionalmente e internacionalmente, para uma média de 45 a 50 concertos por ano, à exceção do ano passado em que as restrições devido à pandemia da Covid-19 impediram que isso acontecesse.

Além da visibilidade de que são alvo, é de destacar o convite feito pelos “Distinguished Concerts International New York para atuar no Carnegie Hall, em Nova Iorque, sem que caísse em esquecimento os “múltiplos e repetidos convites para participar nos mais importantes e reconhecidos eventos internacionais, tais como: 9th Worls Choir Games (Sochi), 2nd Kalamata Internacional Choir Competition and Festival (Grécia), Assisi Cantus – International Choir Festival (Itália); Andrea Del Verrocchio International Choral Festival (Itália); Claudio Monteverdi Choral Festival and Competition (Itália), entre outros.

Localizado na cidade conhecida como “Terras de Viriato”, no interior do país, por vezes, faz com que algumas portas se fechem, embora que, o reconhecimento no estrangeiro (sobretudo nos Estados Unidos da América, França, Espanha), é maior do que em Portugal. Tendo em conta este panorama, Dionísio Vila Maior espera que esta opinião e reconhecimento mude nos próximos anos devido à “ao trabalho dos coralistas”. 

Com inúmeros jovens talento a integrar o grupo, objetivo do coro viseense, é mostrar todo o profissionalismo, entusiamo, alegria e qualidade com presença assídua em diversos espetáculos, concertos e programas como o “Got Talent,” onde o coro participou em 2017, e que segundo o coralista Pedro Almeida, “foi uma experiência que ajudou a crescer”. Desta maneira os jovens “sentem-se reconhecidos sobretudo quando parte da população lhes faz a vénia”, salienta o diretor.

O impacto da pandemia nas vivências do Coro Mozart

Tal como no resto dos setores, também na música e na vida de um grupo musical como o Coro Mozart, a “adaptação ao online foi necessária” argumenta Pedro Almeida. O contexto vivido, fez com que o trabalho de forma autónoma e intensiva fosse essencial.

Perante toda esta situação, foi difícil para o coro manter a sua atividade de forma regular, contudo os ensaios e aulas nunca pararam tendo adotado uma modalidade online. Durante o confinamento, o grupo musical partilhou um vídeo que rapidamente se tornou viral, no qual surgem os coralistas a cantar a música “Rise” da artista Katy Perry. Para uma melhor gestão dos ensaios, foram “organizadas equipas de trabalho, com a liderança dos chefes de naipe e dos diversos departamentos”, explica o maestro titular.

 Ainda assim, durante o confinamento, o Coro Mozart teve a oportunidade de realizar um concerto presencial, organizado pelo Cubo Mágico, da Câmara Municipal de Viseu. Porém, devido ao facto de estarem há imenso tempo afastados do palco, Dionísio Vila Maior sente nos coralistas “uma vontade louca de voltar ao trabalho presencial, aos concertos e tournées programadas para 2022”, uma vez que um dos “maiores prazeres do coro é atuar ao vivo perante o público” acrescenta o jovem Pedro Almeida.

Concerto no Cubo Mágico em 2020

Numa altura em que o setor da cultura está a ser bastante afetado devido aos efeitos da pandemia, o grupo coral juvenil pretende, “recuperar o valor do presencial a que os ensaios, os concertos e as tournées obrigam” com o propósito de aumentar o grupo dos coralistas, nas diversas vozes para uma melhor aposta do Coro Mozart a nível nacional. Para isso, o grupo coral tenciona “intensificar a presença nas diversas redes sociais e canais de divulgação”, declara.

Acostumado a grandes desafios, o atual maestro titular e diretor do grupo coral juvenil do Município de Viseu, admite que “foi um desafio enorme” numa fase inicial, o que o abrigou a adaptar metodologias de trabalho, sempre com intenso sentido profissional, fruto de muita entrega ao Coro Mozart e com a crença de que “os coralistas são o melhor que há em Portugal” afirma.

Considerado por muitos como um grupo de eleição, o Coro Mozart, dirigido por Dionísio Vila Maior, destaca-se dos demais pela sua versatilidade e talento de toda a equipa de coralistas, maestros e não só, que fazem deste grupo coral juvenil, um instrumento de excelência.

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