Turismo interno pós-pandemia em debate no VII Fórum “Vê Portugal”

A 7ª edição do Fórum de Turismo Interno “Vê Portugal” decorreu no dia 26 de maio no Centro Cultural e de Congressos das Caldas da Rainha. Tendo sido realizado em formato híbrido, a edição de 2021 contou com a participação de intervenientes internacionais, assim como de espectadores que se inscreveram, via streaming. A sessão de abertura contou com a presença da secretária de Estado do Turismo, Rita Marques, e dos anfitriões Fernando Tinta Ferreira, presidente da Câmara Municipal das Caldas da Rainha, e Pedro Machado, presidente da Turismo Centro Portugal.

Por Luís Silva

Pedro Machado apresentou os quatro objetivos que pautaram este Fórum “Vê Portugal”, sendo eles a importância do “mercado interno alargado”, a necessidade de “reconquistar mercados internacionais”, a “perceção de segurança por parte dos visitantes” e a “estruturação de novos produtos turísticos”. “Portugal está cá, apto para receber os visitantes, em segurança, 365 dias por ano”, concluiu.

A secretária de Estado Rita Marques sublinhou o crescimento da notoriedade da marca Portugal em tempos difíceis da pandemia, lembrando a importância da reentrada do país na ‘lista verde’ do Reino Unido. “Estamos em vantagem relativamente a destinos concorrentes”, afirma. A governante terminou enumerando as principais medidas do plano de reativação do Turismo, nomeadamente “apoiar as empresas, instigar confiança aos visitantes, assegurar o posicionamento competitivo de Portugal a nível internacional e olhar para o futuro”.

Com moderação de Paulo Baldaia, jornalista e comentador da SIC Notícias, o primeiro painel do Fórum centrou-se na discussão da Lei 33/2013, que definiu o regime jurídico da organização e funcionamento das Entidades Regionais de Turismo do Porto e Norte, do Centro de Portugal, de Lisboa, Alentejo e Ribatejo e Algarve.

Foi alvo de debate o facto do Turismo ser “o  único setor que está verdadeiramente descentralizado”, como refere Vítor Silva, presidente da ER Turismo do Alentejo e Ribatejo. Já Vítor Costa e Pedro Machado, presidentes da ER Turismo da Região de Lisboa e da ER Turismo do Centro de Portugal, respetivamente, deixaram críticas ao facto de as entidades regionais terem fraca autonomia financeira e das competências regionais relativas ao turismo passarem para a alçada das Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regionais (CCDR).

O segundo painel da edição deste ano do “Vê Portugal” focou-se na Estratégia de Promoção Turística e no “Roteiro 360º das Caldas da Rainha”. Hugo Oliveira, vereador do município, deu a conhecer a todos os presentes os principais pontos turísticos do concelho, com a intenção de motivar a uma futura visita às Caldas da Rainha.

Por uma perspetiva mais internacional foi debatido o terceiro painel, com o tema “Tendências na Promoção e Estruturação Turística I Pós-Covid-19”. Moderado por Rodrigo Pratas, jornalista da SIC, e com presença de especialistas estrangeiros, como é o caso de John T. Bowen, professor na Universidade de Houston, nos Estados Unidos da América, e de Alessandra Priante, diretora do Departamento Regional para a Europa da Organização Mundial de Turismo, discutiu-se os desafios colocados ao setor turístico em contexto pandémico.

Os participantes tiveram uma opinião unânime relativamente ao facto da pandemia ter alterado por completo os hábitos de quem viaja, mas mostraram-se otimistas. “Os desafios são oportunidades”, assegura Alessandra Priante. Já John T. Bowen garante que “assim que a situação pandémica estabilizar na Europa, os americanos vão voltar a voar para a Europa”.

Com moderação de Ricardo Santos Ferreira, editor do Jornal Económico, o quarto e último painel abordou os principais obstáculos e ameaças, motivados pela pandemia, à comercialização e vendas. Neste campo, Frederico Costa, vice-presidente do Conselho Diretivo da AHP – Associação da Hotelaria de Portugal, demostrou o seu receio em relação à crise que se fará sentir, nomeadamente, “na perda de postos de trabalho e no encerramento de empresas”, reforçando que “sem retoma do turismo não há recuperação da economia”.

Já Carlos Moura, vice-presidente da AHRESP – Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal, criticou a falta de apoios que Portugal deu às empresas. “Que não se crie a ideia de que se as empresas estão doentes é melhor deixá-las cair”, completou. Por uma perspetiva mais animadora, seguiu Pedro Costa Ferreira, presidente da APAVT – Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo, apontando as vantagens do lay-off no setor das agências de viagens, visto que, a nível nacional, apenas 2% destas recorreram ao despedimento.

A 7ª edição do Fórum terminou com a intervenção de Francisco Calheiros, presidente da Confederação do Turismo de Portugal, que deu ênfase ao facto do evento ter como essência o turismo interno, cujos principais clientes são os portugueses. “Vemos, finalmente, a luz ao fundo do túnel”, concluiu, frisando o plano de Turismo aprovado pelo Governo no passado dia 19 de maio.

É de relembrar que o Fórum de Turismo Interno “Vê Portugal” é uma iniciativa do Turismo Centro Portugal, entidade que estrutura e promove o turismo na Região Centro do país, e que junta anualmente especialistas nacionais e internacionais para uma discussão sobre o turismo interno e os desafios que lhe são colocados.

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