“Silêncio” no museu Santa Joana em Aveiro
De 29 de outubro a 8 de novembro, o museu Santa Joana em Aveiro recebeu a exposição “Silêncio?”. Orientada pelos alunos do mestrado em Criação Artística Contemporânea (CAC), do Departamento de Comunicação e Arte, a exposição foi uma parceria da Universidade de Aveiro com a Câmara Municipal.
Por Jéssica Coutinho
O mestrado conta com mais de uma década de existência e é já uma referência no panorama cultural da cidade, promovendo uma estreita interação com toda a comunidade envolvente. Exemplo disso é esta exposição, de entrada gratuita, que, apesar de adiada há dois meses devido à pandemia, foi apresentada ao público e despertou a curiosidade de muitos visitantes.
Nascida através dos trabalhos elaborados pelos estudantes do mestrado, entre finais de 2019 e início de 2020, esta exposição incluiu ainda obras realizadas durante o confinamento. “No nosso ponto de vista, as peças já estão, de certa forma, ultrapassadas. Mas precisávamos de as trazer e dar uma conclusão ao nosso trabalho”, refere Sirena, nome artístico, aluna do mestrado CAC.
O nome “Silêncio?” surgiu num momento em que os alunos se deram conta que não tinham silêncio. “Era sempre uma balbúrdia, conversas infinitas. O nome silêncio veio como uma ironia nesta exposição”, afirma. Para além disto, “também chama todas as questões institucionais do silêncio dentro do museu. Temos aqui obras interativas, obras com sons e precisamos que o público interaja com isso. O questionamento do silêncio vem no sentido de: será que se deve mesmo fazer silêncio?”, conclui a estudante.
Dividida em três partes, a exposição contou com trabalhos tecnológicos, fotográficos, videográficos e, ainda, artísticos. Com mais de 15 obras contemporâneas expostas, Guilherme Portes, também aluno do mestrado em Criação Artística Contemporânea, declara não ter nenhuma peça favorita, nem mesmo as duas da sua autoria. “O ponto em comum entre todos os artistas é a diferença. Há um artista que conheço, o Tunga, que diz uma coisa muito importante que é: ‘Nós não fazemos a obra de arte que queremos, fazemos a que conseguimos’ e eu concordo muito com isto”, afirma ainda Guilherme Portes. Já Sirena confessa que a peça favorita da exposição é a dela por todo o seu significado. “Para mim, é um fechamento de um dos trabalhos que eu estava a fazer durante o isolamento, então é muito importante deixar este trabalho ser exposto e me livrar disso, desse sentimento”.