M TRAIN: Um livro que pede alma e uma chávena de café
O novo livro de Patti Smith, “M Train”, é uma viagem profunda e apaixonante ao passado da escritora. Uma obra repleta de memórias, viagens, pensamentos, e polaroids tiradas por Smith e ilustradas ao longo da peça. A obra é uma demonstração da relação da artista com a arte, através de metáforas e descrições ao pormenor, envolvendo o leitor de uma forma melancólica com uma carga emocional muito forte.
Poetisa, cantora, e artista, Patti Smith, conhecida por ter sido uma das mulheres mais influentes na era do rock and rolll, tornou-se conhecida com o seu álbum de estreita, Horses, em 1975. Feminista assumida, é autora de “Just Kids” (2010), vencedor do prémio National Book Award, livro de memórias onde a norte-americana relata a sua vida junto de Robert Mapplethorpe, em Nova Iorque.
Nesta nova obra de Smith, a perda e a solidão, são temas bastante visíveis, onde entre várias memórias, há uma notável referencia a relação com o falecido marido Fred ‘Sonic’ Smith, ao irmão da artista, e pequenos objetos que tinham um valor muito importante para a mesma.
“M Train”, tal como a capa indica, começa no pequeno café de Greenwich Village, Café Ino, onde Patti Smith se desloca todas as manhãs para tomar café, acompanhada pelo seu bloco de notas. Aí aponta todos os seus pensamentos sobre o mundo, mas também sobre os seus sonhos, algo percetível logo no início do manuscrito, onde várias ideias divagadas se juntam.
Através de um texto onde cada capítulo começa com a menção de um café, Smith descreve as suas viagens ao longos dos anos, desde cemitérios, museus, cafés, hotéis, as suas séries de televisão favoritas, e muito mais, tudo isto escrito de maneira simples, poético, e acima de tudo espontâneo.
O novo livro da autora é uma porta aberta para a sua vida pessoal, uma visão dos dias da artista de 69 anos, um livro tão suave que pede por mais uma sequela, onde cada momento conta, e nos transporta para o seu mundo simples seja num café em Nova Iorque ou num cemitério no Japão.
Ana Formigo