Liga dos Campeões: Um trator alemão, uma Red Bull e o último português
A Liga milionária veio a Lisboa e pouco o adepto do desporto rei sabia o que estava por vir. Enquanto os quartos abriram com um herói improvável para colocar um ponto final num sonho, logo a seguir a armada espanhola fez as malas e voltou para casa numa viagem que pareceu durar anos recorde. Por último, os citizens foram caducados pelos franceses que vêm calando os seus adversários. Com isto, entre o dia 18 e 19 de agosto, uma verdadeira batalha entre França e Alemanha irá ser travada, por um lugar na final no Estádio da Luz.
Foi exatamente no estádio do Sport Lisboa e Benfica que arrancou a final 8 na capital portuguesa com apenas uma mão por eliminatória. Os primeiros a entrarem na arena foi a Atalanta e PSG. Os Italianos, na primeira campanha pela Liga dos Campeões, não só saíram da fase de grupos após terem perdido os primeiros três jogos, como eliminaram o Valência num incrível agregado de 8-4. Esperado da terceira equipa com mais golos marcados na Europa na corrente época.
Os parisienses sabiam que eram favoritos, mas viam muitas estrelas sentadas de fora. Nomes como Ángel Di María, Kurzawa e Verratti, obrigavam Thomas Tuchel a colocar remendos no 11, mas tudo ficou ainda uma maior dor-de-cabeça quando Kylian Mbappe não recuperou a 100% da lesão sofrida na final da Coupe de France, sentando-se no banco de suplentes. A primeira parte deixou bem claro que os italianos não tinham medo de Neymar e companhia. Aos 27 minutos, Mario Pasalic recebeu um ressalto para o seu pé esquerdo e não desperdiçou a oportunidade, com uma finalização perfeita, no canto superior esquerdo. Com o golo do croata, a Atalanta ia a vencer para o intervalo.
Aos 60’, o jogo mudou. Tuchel trouxe Mbappe do banco e rapidamente a partida foi tomada por conta do PSG. Quando já se ouvia o desespero dentro do campo, com o tempo a terminar, a equipa de Paris conseguiu o inesperado e, entre os 90 e os 93 minutos, Neymar, companhia e, agora Mbappe, deram a volta ao resultado com golos de Marquinhos e Maxim Choupo-Moting, lançando os franceses para as semifinais.
24 horas seguintes, do outro lado da segunda circular, arrancou o RasenBallsport Leipzig e o Atlético Madrid no estádio José Alvalade XXI, o outro anfitrião da Champions em Lisboa. A primeira parte foi o expectável por parte dos pupilos que seguiam a estratégia de Diego Simeone. Linhas baixas, Leipzig com posse e algumas oportunidades dos dois lados. A abrir o segundo tempo, uma boa construção por parte dos alemães abriu espaço para Marcel Sabitzer colocar a redondinha perfeita para Dani Olmo, jovem promessa catalã de 22 anos, só ter de encostar de cabeça.
Diego Simeone respondeu com João Félix, que saiu do banco com vontade de remar contra a maré e, rapidamente, numa jogada individual aos 71 minutos, levou o esférico desde o meio campo até dentro da área dos alemães, acabando por ser derrubado por Lukas Klostermann. Convertido com qualidade o castigo máximo, o Golden Boy de 2019 fez o empate. Só que enquanto o Atlético jogava damas, do outro lado, Julian Nagelsmann, jogava xadrez. Futebol bonito, organizado e, acima de tudo, recompensado. Quando muitos já esperavam o prolongamento, de novo, numa jogada organizada por Angelino, lateral esquerdo da equipa fundada apenas em 2009, apareceu Tyler Adams, que, com sorte, fez a bola apenas parar no fundo das redes, para desespero dos Colchoneros, acabando o jogo no 2-1 para os alemães.
Voltando ao “Estádio do Sport”, tal como o Barcelona erradamente descreveu nas suas redes sociais, um resultado estava para vir chocar o mundo. No dia anterior, Arturo Vidal, médio chileno dos catalães, afirmou que o Bayern “não vai jogar contra uma equipa da Bundesliga, joga contra o Barcelona”. Ao contrário do vinho, as palavras proferidas pelo número 22 não envelheceram como um bom vinho. No início do jogo, aos 7 minutos já cada uma das equipas tinha um golo no placard. No entanto, do minuto 22 aos 31’, os amantes de futebol começaram-se a aperceber que este não ia ser um jogo nada perto do normal, porque o Bayern de Munique tinha acabado de marcar três. A perder por quatro bolas a uma ao intervalo, o Barcelona tentou ainda dizer alguma coisa na eliminatória, com Luis Suaréz a reduzir com um golo, mas o autêntico trator alemão pôs a sexta mudança e mandou os cules para casa com um autêntico massacre, com uma vitória para os bávaros por 8-2. A equipa catalã já não sofria oito golos numa partida desde 1946, ou seja, há 4.400 jogos atrás.
Os últimos a entrarem em campo foi o Manchester City e o Olympique de Lyon, novamente em Alvalade, e, quando todos achavam que as surpresas já tinham esgotado, ainda tinham mais 90 minutos de boca aberta. O Lyon arrancou bem com um golo de Cornet aos 24 minutos que colocou os franceses na frente. A equipa de Pep Guardiola insistiu tanto que, já no segundo tempo, chegou ao empate numa bela jogada pela esquerda, com Raheem Sterling a assistir o considerado como melhor jogador da Premier League esta época, Kevin De Bruyne.
Mas o pesadelo estava prestes a começar. Depois de uma boa oportunidade de se colocar na frente, onde Gabriel Jesus, ponta de lança do City falhou, o Lyon chegou ao segundo golo com uma boa finalização de Moussa Dembele. Novamente, Sterling teve nos pés a chance de colocar tudo em pratos limpos e no mínimo ir a prolongamento. Com um falhanço fora deste mundo, logo a seguir os leões voltam a subir no terreno e, com uma oferta de Ederson, fizeram o 3-1 e mandaram a equipa bilionária fora da competição.
Com isto, sobram agora quatro equipas que colocam a Alemanha frente à França nas duas semifinais. O RB Leipzig vai defrontar o Paris Saint Germain no Estádio da Luz e o Lyon irá encontrar o Bayern Munique no Estádio José Alvalade XXI, isto nos dias 18 e 19 de agosto, respetivamente.