Lamego, Régua e Pinhão: o coração do Douro
Visitar o Douro é sempre uma boa escolha para quem procura fazer um roteiro diferente. Percorrer e conhecer o coração do Douro pode revelar-se uma experiência bastante enriquecedora e inesquecível devido à história, património e à beleza das paisagens existentes no vale do Douro, que desde 2001 é considerado pela UNESCO como património mundial. Régua, Lamego e Pinhão são três localidades que têm em comum o facto de se situarem no coração do Douro vinhateiro, mas todas elas têm algo diferente a oferecer a quem pretenda conhecer o património e as paisagens que o homem modelou ao longo dos séculos, criando assim uma das paisagens mais belas do mundo.
Quando se chega ao Douro entramos num vale encantado, numa região onde a beleza das paisagens não tem fim, com recantos que revelam segredos, quintas que possuem autênticos tesouros, e como seria de esperar, o famoso vinho do Porto que é produzido em inúmeras quintas do Douro. Cada quinta produz um vinho diferente e, por isso, não existem vinhos iguais, pois todos eles têm as suas próprias características, que os distinguem uns dos outros contendo ainda a sua própria história.
A melhor maneira de conhecer o Douro é começar por dormir numas das várias unidades hoteleiras da região. Existem ofertas para todas as carteiras, dos hotéis mais requintados aos mais modestos.
Por outro lado se por si só dormir no Douro já é algo inesquecível, o melhor vai ser acordar e tomar o pequeno-almoço com vista para o rio e com uma paisagem tranquilizante modelada pelo homem. Muito cedo ouvem-se os passarinhos a chilrear, os sons do dia-a-dia atarefado de uma quinta, sente-se uma brisa vinda das vinhas que nos transmite bem-estar e liberdade para fazermos aquilo que queremos e, acima de tudo, perdermo-nos no tempo.
Três localidades, o Douro em comum
A cidade de Lamego é uma das cidades mais antigas de Portugal e, ao mesmo tempo, também uma das mais históricas com variadíssimos monumentos para visitar. O Santuário de Nossa Senhora dos Remédios, considerado como o principal, é um dos monumentos mais belos e excêntricos do Douro que se deve visitar, sendo ainda enriquecedor nesta cidade, dar um saltinho ao castelo que noutros tempos foi um dos mais importantes do nosso país. Outro monumento em destaque o Museu de Lamego, que desvenda todos os segredos e as origens, não só da cidade, mas também do Douro.
A cidade ribeirinha da Régua desde sempre assumiu um importante papel na produção e comercialização o vinho do Douro e do Vinho do Porto. A estação ferroviária que assumiu um importante fator para o desenvolvimento da cidade deve ser visitada. Uma passagem pelo Museu do Douro é obrigatória, para se entender a história da região vitivinícola mais antiga do mundo e, como surgiu o famoso Vinho do Porto.
Por último deve-se visitar a vila do Pinhão onde se situam algumas das quintas mais importantes da região. A sua localização junto ao rio na margem direita permitiu desde sempre que se assumisse como uma vila importante do Douro. A estação ferroviária do Pinhão contem 24 painéis de azulejo que retratam o quotidiano e, por isso, é considerada como uma das estações mais belas. No Portal “Turismo do Porto e Norte” podemos encontrar estas informações e planear um roteiro. É possível ainda encontrar no site da câmara da Régua e de Lamego várias dicas para uma visita.
Estrada N222 a melhor estrada para conduzir
A estrada N222 foi considerada no ano de 2015 como a melhor estrada do mundo para se conduzir. A atribuição deste prémio foi feita pela Avis, empresa mundialmente conhecida no ramo de aluguer de automóveis. Segundo o estudo realizado, esta estrada é a que oferece as melhores condições de condução.
Este troço segue quase em paralelo com o rio Douro e com a linha ferroviária que liga as duas localidades. A localização desta estrada e as paisagens que a envolvem também contribuíram para a atribuição do prémio, sendo que ao longo deste trajeto existem inúmeros sítios onde se pode parar o carro para apreciar as paisagens e tirar algumas fotografias. No total, este troço conta com 93 curvas para que os amantes de carros possam experimentar.
Um roteiro por estes três locais
A melhor maneira para começar a conhecer o Douro, é dormir num hotel da cidade de Lamego. Existem várias opções como o Hotel Lamego, ou a Quinta da Timpeira entre outros hotéis para escolher, uma visita rápida pelo Trivago ou por outro site de reservas irá ajudar a encontrar o Hotel ideal.
O dia começa bem cedo na região e, por isso, é importante acordar cedo para se aproveitar como fazer uma visita matinal ao Santuário de Nossa Senhora dos Remédios, aproveitando uma vista deslumbrante para a cidade e ainda a possibilidade de sentir a brisa da manhã. Como não poderia deixar de ser é, obrigatório a visita ao castelo, de onde se pode ter uma vista panorâmica de 360º sobre a cidade. Depois da visita ao castelo deve-se descer em direção à Sé e visitar este magnífico monumento.
Depois de uma visita por Lamego segue-se a cidade da Régua a vista ao museu do Douro não deve ser evitada, visto que esta remete o visitante para a história da região demarcada mais antiga do mundo. Por esta altura, como é de esperar, a fome já aperta e por isso nada melhor do que almoçar com vista para o rio. Existe uma grande variedade de restaurantes onde se pode comer os pratos típicos acompanhado por um vinho do Douro.
Depois do almoço, nada melhor do que seguir em direção ao Pinhão. Esta viagem é sugerida no site “Dourovally ” e, segundo o site, de carro demora cerca de 30 min pela estrada N222, com a possibilidade de encostar o carro e ver as paisagens magníficas e sempre com vista sobre o rio. Outra alternativa é a viagem de comboio que demora cerca de 27 minutos onde podemos do mesmo modo ver a paisagem que o homem construiu. A última alternativa e talvez aquela que é a mais fascinante é uma viagem de barco, na altura do verão, onde existe uma grande oferta de viagens de barco que começam a partir dos 25€ como está indicado no site e inclui a viagem de ida e de volta, a viagem de volta é feita de comboio ate à estação da régua.
O comboio histórico está de volta
Depois de ter sido totalmente renovado e o carvão ser substituído pelo Diesel, a carismática locomotiva a Vapor 0186, construída em 1925 pela Henschel & Son juntamente com 5 carruagens históricas trás de volta o Comboio Histórico do Douro.
As viagens irão realizarem-se aos Sábados, entre 4 de junho e 22 de outubro de 2016 mas também aos domingos, entre 3 de julho e 25 de setembro de 2016, durante o mês de agosto, havendo também se às quartas-feiras entre 3 e 31 de agosto e, inclusive no 15 de agosto que é feriado nacional.
O custo da viagem é de 37,50€, e as marcações podem ser feitas no site da empresa. Este ano, os clientes do comboio histórico beneficiam de descontos especiais em unidades hoteleiras do Douro e do Porto e, outra novidade em destaque é que há a possibilidade viajar junto do maquinista, na cabine de condução da locomotiva a vapor, onde poderá ver o seu funcionamento sendo que o custo desta experiência é de 300€. No entanto só pode realizar esta viagem junto do maquinista quem cumprir alguns requisitos, como estar em boas condições de saúde e físicas, não usar roupa de nylon ou poliéster, e não ter mais do que 75 anos de idade, tal como indica a CP no seu site (www.cp.pt).
A viagem começa na Estação Ferroviária da Régua e vai até à estação do Tua. Durante o percurso, existe animação a bordo com grupos de cantares, e ainda um brinde com Vinho do Porto Ferreira.
A meio da viagem, o comboio pára na estação do pinhão para que se possa fazer uma visita rápida aos azulejos da estação e contemplar as paisagens que envolvem a pequena vila do Pinhão. Chegados à estação do Tua é tempo de recarregar baterias, tirar algumas fotografias e apreciar as paisagens envolventes, para depois se fazer a viagem de regresso à Estação Ferroviária da Régua. Todas as informações sobre o comboio histórico do Douro bem como de reservas encontram-se no site “www.cp.pt”.
Douro’s Inland Waterway 2020
Douro’s Inland Waterway 2020 é o nome do projeto pioneiro que ambiciona transformar o rio Douro numa via navegável 24 sob 24 horas, mas também abranger o transporte de mercadorias e pessoas.
A implementação deste projeto está dividida em duas fases, na primeira fase estão ações de estudo do caudal do rio Douro, ações de comunicação e formação. Já na segunda fase, estão confinadas as obras necessárias à alteração do canal de navegação e instalação de sistemas de comunicação.
Ao nível da segurança algumas eclusas irão sofrer obras de melhoramento e dois troços do rio irão ser corregidos. Para melhorar a comunicação e a troca de informação irá ser implementado o RIS (River Information System). Este sistema visa controlar melhor o tráfego, o controlo meteorológico, mas acima de tudo, melhorar a comunicação. Outro objetivo com esta implementação é potenciar o transporte de mercadorias através do rio.
APDL – Administração dos Portos do Douro, Leixões e Viana do Castelo é a entidade promotora de todo este grande desafio que ambiciona desenvolver a região e tornar o rio como uma grande rota para as empresas do Douro assumindo-se assim como uma alternativa mais viável ao transporte rodoviário.
Ao longo deste ano irão decorrer alguns workshops e sessões de esclarecimento a fim de divulgar e também de modo a saberem o que as populações pensam da implementação deste projeto.
Algumas críticas apontam que a necessidade deste projeto devia de ter em atenção o melhoramento da barra do Porto. Todas estas informações e outras relativas ao projeto estão no site www.diw2020.pt.
Alípio Castro (texto e fotos)