Como se organizam os 751 deputados que compõem o hemiciclo?

No hemiciclo de Bruxelas reúnem-se 751 deputados de 28 países diferentes durante as sessões plenárias, que estão distribuídos de acordo com a ideologia que escolhem. O #dacomunicação visitou o Parlamento Europeu e ficou a conhecer o modo de funcionamento da instituição europeia.

Para um grupo político existir, são necessários, no mínimo, 25 deputados e estes têm de representar pelo menos um quarto dos Estados Membros. As ideologias e partidos existentes no parlamento são 9: Partido Popular Europeu, Aliança Progressista dos Socialistas e Democratas, Conservadores e Reformistas Europeus, Aliança dos Democratas e Liberais pela Europa, Esquerda Unitária Europeia/ Esquerda Nórdica Verde, Verdes/Aliança Livre Europeia, Europa da Liberdade e da Democracia Direta, Europa das Nações e da Liberdade e existem ainda os Não inscritos, grupo constituído por deputados que não se identificam com nenhuma das ideologias existentes.

Todos os anteriores fazem parte da composição do plenário, assim como elementos da comissão, dispostos do lado esquerdo e alguns elementos do conselho no lado direito. A distribuição de lugares é feita da esquerda para a direita consoante a ideologia política de cada um, assim sendo do lado esquerdo os lugares são ocupados por elementos de esquerda e o lado direito por elementos de direita. Importa ainda salientar que é proibido pertencer a mais do que um grupo político.

Neste sistema, a função de todos é participar nos debates e cada deputado só pode intervir uma vez, tendo um tempo de intervenção muito curto, sendo de um minuto. A duração dos debates é entre duas a três horas, havendo uma lista restrita de pessoas que podem falar.

Nestas sessões, existe, portanto, um mecanismo de perguntas e respostas condicionado a 30 segundos de intervenção, no qual as discussões são muito especializadas, com um vocabulário muito técnico e diferente. Esta sucessão de intervenções sucede-se de uma forma bastante rígida na qual a principal interação tida é entre grupos políticos, visto que os deputados dos diferentes grupos se vão alternando.

Que língua é que se vai debater? É a questão aqui colocada. Pode ser evidente ou não, mas a resposta é todas. Cada deputado é livre de escolher a língua que quer falar desde que seja uma das 24 línguas oficiais da UE. Todavia, na maioria das vezes, os deputados presentes falam na sua língua.

As cabines existentes à volta da sala também são um aspeto importante a realçar. Cada uma é numerada com um número e o nome de cada país, dando lugar aos vários intérpretes que durantes as sessões fazem as traduções de todos os assuntos discutidos em sala, com a máxima concentração. Os tradutores têm que ser capazes de traduzir o que cada deputado diz em tempo real para as respetivas línguas do país que representam. Como é de esperar os tradutores não sabem todas as línguas faladas na Europa, e quando isso acontece, esperam que outra cabine traduza para a sua língua e fazem a tradução para a própria, isto é, a tradução da tradução.

Existem ainda situações mais específicas da língua, quando por exemplo, um deputado conta uma história engraçada com palavras específicas da sua cultura, como não existe tempo para os tradutores explicarem a “piada” que foi dita apenas dizem “o senhor deputado disse uma piada na sua língua, por favor riam-se”. Apesar de difícil e de parecer quase impossível este processo de traduções é realizado com sucesso.

O plenário é, por conseguinte, o fim do processo – a votação de uma decisão final do Parlamento Europeu. O que importa notar nesta fase não é tanto uma questão de fazer convencer as outras pessoas a mudar de opinião, mas antes, uma questão de expor publicamente o que se pensa do acordo a que se chegou, a razão pela qual se vai votar da forma com que se vai votar, ou então salientar um ponto especifico de um país ou região.

 

Texto e imagem: Daniela Santos, Maria Duarte e Patrícia Ferreira

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