Censura, desinformação e falta de recursos – 50 anos de conquistas e desafios enfrentados pelo jornalismo português

A sessão, moderada pelo Professor Miguel Midões, docente da ESEV, contou com a participação dos jornalistas Bruno Gonçalves e Lídia Barata e escrutinou temas como a importância do jornalismo para a democracia e os desafios que a profissão enfrenta nos dias de hoje.

Por: Ricardo Santos (aluno do 1º ano de Comunicação Social)

“Os jornais vivem cada vez menos das bancas”. A problemática da falta de compra de jornais físicos em banca foi também explorada pelo jornalista Bruno Gonçalves, que viu o seu jornal obrigado a adaptar-se ao modelo tecnológico, passando assim a vender assinaturas digitais e distribuindo o diário via e-mail. Esta escassez levou à falência de vários órgãos de comunicação social regionais, meios que, em 2022, um quarto dos concelhos do país já não tinha.

Bruno Gonçalves considera que os órgãos de comunicação social são “fundamentais para a democracia”, mas ressalta o facto de estes serem muitas vezes limitados pelo financiamento que recebem. O jornalista olha com preocupação para o futuro da imprensa escrita, que diz estar ameaçado pelas dificuldades em encontrar gráficas e impressoras a preços acessíveis em Portugal e pelo aumento do preço do papel. Ainda assim, acredita que esta é uma profissão “pela qual devemos lutar” e que os jornais ainda mantêm um papel importante de “explicar informações”.

“50 anos depois não estamos pior, mas só estamos um bocadinho melhor”. Foi com esta afirmação que Lídia Barata, jornalista do semanário Reconquista, começou a sua intervenção no debate, admitindo que o trabalho jornalístico tem enfrentado dificuldades em lidar com órgãos não oficiais. “A Entidade Reguladora da Comunicação Social não é eficaz, cede ao pagamento”. A jornalista não poupou críticas à ERC e diz que a entidade “já morreu e ninguém a avisou”. Para Lídia Barata, o registo de novos órgãos de comunicação deve criterioso, controlado e regulado não só por uma, mas por várias entidades, de modo a combater a problemática da desinformação.

“O lápis deixou de ser azul, mas passou a ter as cores da economia e da política”. Lídia Barata criticou a imparcialidade sob a qual alguns órgãos de comunicação social atuam, o que, segundo a jornalista, leva à descredibilização do jornalismo e à crescente falta de confiança nos profissionais de informação.                                            

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