De estudante a cineasta, Tiago Roma Almeida apresenta “Gatos Com Oito Vidas”

“Gatos Com Oito Vidas” foi o nome escolhido para o novo projeto cinematográfico realizado por Tiago Roma Almeida, ex-aluno da Escola Secundária de Estarreja, localizada no distrito de Aveiro. Depois de produzir as curtas “Falamos Quando Acabar” e “Segunda Via”, durante o ano letivo 2022-2023, o jovem cineasta optou por produzir um longa-metragem com seus colegas de turma. O cineasta revela que o projeto foi desenvolvido “com colegas e amigos, sobretudo amigos.” 

Texto: Mariana Fidalgo (1º ano de Comunicação Social) / Foto: Tiago Roma Almeida

As curtas-metragens anteriores surgiram de um projeto escolar, sugerido pela professora de MACS (Matemática Aplicada às Ciências Sociais), Ana Margarida Santos. Após o sucesso, o professor e diretor de turma de Tiago, Paulo Freire, propôs-lhe a criação de um projeto interdisciplinar envolvendo toda a turma. “Gatos Com Oito Vidas” integrou várias disciplinas, sendo a de Português a mais fácil de incorporar, graças à professora Sofia Fernandes, que também interpretou Salomé no filme, que escolheu excertos literários para abordar o tema do “término das coisas”, relacionado com o fim do secundário e a separação da turma. Tiago Almeida baseou-se num filme de Tarantino e desenvolveu uma história com um “narrador enigmático”, interpretado pelo professor Rui Vidal, que misturava excertos literários com reflexões do realizador. 

“As minhas expectativas não eram assim grande coisa”, revela afirmando ainda que “quando envolve muitas pessoas é difícil”. No entanto, sabia que essas dificuldades, como problemas com áudio e gravações, faziam parte do processo. “Eu sou uma pessoa que, normalmente, como não gosta de ser desapontado, eu penso baixo”, confessa. Mesmo com um orçamento limitado, o filme foi exibido no Cineteatro de Estarreja e no Teatro Aveirense. O sucesso superou as expectativas.

Inscrito no ICA (Instituto do Cinema e do Audiovisual), “Gatos Com Oito Vidas” atraiu quase 700 espectadores em apenas duas sessões, superando até filmes de maior orçamento. Tiago Almeida conta que, em algumas conversas, pessoas afirmaram que se “esqueceram que estavam a ver um filme feito por pessoas do secundário.” 

“Alguém, em algum lugar do país, deve-nos ter chamado malucos por ter feito um filme daquelas dimensões, à nossa realidade, sem dinheiro, sem nada. O único dinheiro que tivemos foi o cobrimento das despesas”, declarou, referindo-se ao esforço coletivo para garantir a realização do filme. O receio foi maior quando o filme foi exibido no Teatro Aveirense, onde os bilhetes eram pagos.

O cineasta admite que teve medo de que as pessoas não gostassem do filme, mas o feedback foi positivo. “Se eu pudesse, eu lavava-os a todos (os colegas) comigo para a universidade e para a vida para fazerem filmes comigo, mas infelizmente isso não é possível”, refere Tiago Almeida apesar de todas as dificuldades. 

Atualmente, o filme aguarda novas exibições. O realizador revela que está em conversações com cinemas do Porto, como o Batalha e o Trindade, mas ainda não obteve resposta. Também tentou uma possível exibição na RTP 2, mas sem confirmação até o momento. “O projeto só acaba quando chega às casas”, afirma com orgulho pelo percurso do filme. 

Além disso, um documentário sobre o making of do filme está previsto, embora a data de lançamento ainda não esteja definida. Tiago Almeida afirma que “vai acontecer, porque o próprio projeto merece que isso aconteça.” Finaliza com a frase: “É sempre um prazer falar sobre este projeto e espero que o público a quem esta entrevista vai chegar também goste.” 

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