Steven Gouveia: “A realidade da saúde pública e privada é de precariedade”
A inteligência artificial pode trazer consigo muitos benefícios, mas também bastantes desafios, afirma Steven Gouveia, doutorado em Filosofia da Mente pela Universidade do Minho
Texto por: Ricardo Santos (aluno 1º ano de Comunicação Social) / Imagem: RTP publicada no site pessoal do entrevistado
Nasceu e cresceu na Suíça, mais tarde mudou-se para Portugal, ambicionava ser jogador de futebol, mas as lesões afastaram-no do seu sonho. Apaixonou-se pela filosofia e foi nessa área que se licenciou, com uma média tão elevada que foi diretamente indicado para doutoramento, sem precisar de realizar um mestrado primeiro.
Falámos com Steven Gouveia, mente brilhante, filósofo, orador, autor e editor, tendo escrito e editado um total de 14 livros. Viaja pelo mundo participando em diversas conferências em países como Coreia do Sul, Malta, Chipre, Espanha, Canadá, Suíça, Portugal, e Brasil, este último onde acaba de realizar uma extensa tour.
“Vemos a realidade através de umas lentes filosóficas, por vezes, sem sequer dar conta”. Steven Gouveia acredita que a filosofia pode ajudar numa melhor compreensão do mundo que nos rodeia. Para o pós-doutorado, “a disciplina mais antiga do mundo” é muitas vezes ignorada “pelo facto de ser antiga”, mas também porque exige uma autoreflexão que assusta as pessoas.
“Uma vez que o erro médico é a causa número um na medicina”, o pensador viseense acredita que a aplicação da inteligência artificial na área da saúde pode trazer diversas vantagens, nomeadamente económicas, visto que um médico de I.A não precisa de descansar. Steven Gouveia acredita que a medicina pode-se tornar mais rápida, eficaz e menos propensa a erros caso seja realizada sob a alçada de algoritmos inteligentes. Compara também os ordenados de um médico humano e da máquina autónoma, esta última que se revela um investimento benéfico a longo prazo, ao contrário do trabalhador civil, que gera às contas públicas mais despesa ao longo da sua carreira.
“A inteligência artificial é muitas vezes baseada numa natureza obscura”. Por isso, o filósofo levantou também algumas problemáticas subjacentes ao uso de I.A na medicina. “Embora muito interessantes do ponto de vista médico, os sistemas de I.A não nos oferecem explicações”, critica Steven Gouveia, que apesar de rápidos e objetivos nos diagnósticos, carecem de uma relação de esclarecimento entre médico e paciente, que a seu ver é um fator importantíssimo para a tomada de decisões do próprio utente.
Steven Gouveia lançou recentemente um livro, intitulado de “A Odisseia da Mente”, que reúne conversas sobre a psique humana, entre o autor e oito pensadores. Este não é, porém, o fim da produção literária do jovem pensador, que se prepara para lançar um novo livro no próximo ano. Em exclusivo ao #dacomunicação, o autor revela que a próxima obra conta com a participação do célebre filósofo Slavoj Žižek, um dos mais influentes pensadores do século XXI. Um lançamento a não perder.