Crítica: Girlboss e a “irreverência educada” de uma jovem inspiradora

Girlboss é uma comédia inspiradora e autobiográfica de Sophia Amoruso, em que a jovem Sophia Marlowe cria um negócio na internet e transforma a sua vida.

Por João Nogueira

Logo no primeiro episódio é-nos apresentada Sophia Marlowe, interpretada por Britt Robertson, uma jovem diferente e que, apesar de complexa, dá aos visualizadores um prazer de conhecer mais e mais. Com um estilo autêntico, vincada pelo seu excesso de liberdade e espontaneidade, a jovem inspira pela distinção e faz a desconstrução da normalidade do mundo em geral, e dos jovens que devem ser “isto e aquilo” aos 23 anos.

Apesar da série nos apresentar uma Sophia em 2006, é possível transpor a sua personagem na realidade de várias pessoas na atualidade. A jovem não é ambiciosa, não tem planos para o futuro e a sua simplicidade é vista de longe. A sua personalidade é renegada pelo seu pai e pela chefe da loja de sapatos em que trabalhava, que representam a negação geral da sociedade face à diferença. Vem isto levantar questões como: Porquê rejeitar e criticar a diferença? Por que razão a sociedade se submete à igualdade e aos padrões sociais? Não somos nós uma “Sophia” nesta sociedade, que está presa numa “caixa” social?

A simplicidade e prontidão da personagem crescem a cada cena. Em certo momento, Sophia vê-se atribulada com a perda de emprego e o aviso de que vai ser despejada. A maneira como contorna a situação e consegue prosperar de um momento para o outro é inspiradora.

Na série são claros confrontos: a sociedade (representadas pelo pai de Sophia e a chefe do trabalho do qual é despedida) versus a Sophia (que representa a quebra dos tabus e da regularidade social); vida jovem versus vida adulta, representada logo nas primeiras cenas do primeiro episódio com reflexões de Sophia com uma idosa e com a partilha do medo de se tornar uma “adulta chata”.

Uma série que através da comédia, permite refletir sobre a posição dos jovens no mundo e como encaram a vida adulta. Apesar de cancelada, o caráter atual e a proposta de discussão do tema do arranque para a vida adulta destacam a série.

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